Último retrato do imperador antes de sua abdicação. Óleo sobre tela de Simplício R. de Sá, 1830. Domínio público, Museu Imperial |
1. A Guerra de Independência
A Guerra de Independência do Brasil foi marcada pela resistência lusa ao estabelecimento do Império brasileiro. O reconhecimento da independência brasileira envolveu diversos atores internacionais:
Os Estados Unidos da América reconheceram a independência brasileira em alinhamento com a política Monroe, que se opunha à intervenção europeia nas Américas, especialmente contra a Santa Aliança, é claro que tinham seus próprios interesses na América.
Portugal influenciado pela diplomacia britânica, reconheceu a independência do Brasil só em 1824, em troca de uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas. D. João VI foi intitulado Imperador Honorário do Brasil. Esse pagamento só foi possível graças a um empréstimo da Inglaterra para o Brasil.
A Inglaterra e somente reconhece a independência do Brasil quando o pais se comprometeu a renovas o Tratado de 1810 por mais 15 anos, mantendo assim as vantagens que a Inglaterra tinha firmado com Portugal e agora com o Brasil, benefícios como a concessão de porto franco em Santa Catarina, pagamento de menores impostos aos produtos ingleses, o compromisso do Brasil de não implantar a Inquisição no Brasil e a manutenção de extraterritorialidade aos cidadãos britânicos no Brasil, ou seja, os cidadãos britânicos deveriam respeitar as leis inglesas somente e não poderiam ser presos pelas leis brasileiras.
2. Política Interna
A política interna do Brasil durante o reinado de D. Pedro I foi marcada por conflitos e pela elaboração de constituições.Durante a Assembleia Constituinte houve um choque entre os constituintes, que buscavam um sistema mais liberal, e o imperador, que tinha tendências absolutistas. Os irmãos Andrada tornaram-se figuras de oposição, tanto no plenário quanto na imprensa, utilizando veículos como "O Tamoio" e "A Sentinela". Este período foi turbulento, culminando na "Noite da Agonia" (11/11/1823), onde a Assembleia foi dissolvida após um cerco militar.
Projeto da Constituição da Mandioca, anteprojeto liderado por Antonio Carlos propunha limitações aos poderes do imperador e apresentava características classistas com voto censitário. Influenciada pelo Iluminismo, a constituição refletia ideias de Rousseau e Montesquieu, mas também trazia um forte sentimento xenófobo.
Constituição de 1824: Outorgada em 15 de março de 1824, esta constituição era autoritária com tendências liberais. Ela estabeleceu um Conselho de Estado, foi unitária e centralista, e introduziu o Poder Moderador. As eleições eram censitárias e indiretas, e a Igreja foi subordinada ao Estado.
Confederação do Equador: Este movimento separatista e republicano, caracterizado pelo antilusitanismo, reagiu ao absolutismo de D. Pedro I. Liderado por Paes Barreto e com a proclamação da República por Paes Andrade, recebeu apoio do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Eles adotaram a Constituição da Colômbia como modelo.
3. Política Externa
A política externa de D. Pedro I focou-se na resolução de questões dinásticas e na consolidação das relações internacionais.Caricatura do francês Honoré Daumier, de 1833, ironizando a briga pela sucessão do trono português Domínio público |
Missão Santo Amaro: Visava solucionar a sucessão dinástica portuguesa e consolidar internamente os países da América Latina frente à Santa Aliança.
Guerra da Cisplatina: Conflito marcado pela atuação dos caudilhos Lavalleja e Rivera, terminou com a intervenção inglesa e a criação do Uruguai como estado independente em 1828. D. Pedro I sai derrotado militarmente e politicamente dessa situação. A independência do Uruguai significou a perca de um parte do território do Brasil, isso por si só é um problema para a figura do imperador, porem a guerra gerou custos aos cobres, já combalidos pela situação econômica e financeira. Soma-se a isso as criticas políticas a D. Pedro I, visto que passou a ser mais questionado por sua inaptidão política, aumentando a pressão contra o seu governo.
4. Abdicação
A abdicação de D. Pedro I foi resultado de vários fatores e eventos significativos.Um fato que resultou em novas críticas a D. Pedro I foi o assassinato de Líbero Badaró (1830), um liberal de origem italiana que foi assassinado em São Paulo. Líbero Badaró eu um jornalista crítico de D. Pedro I que foi assassinado e seu crime não foi investigado com o rigor que os críticos desejavam, fato que levou a levantar suspeitas do mandantes do crime, o qual recaiu sobre os partidários de D. Pedro I na cidade de São Paulo. D. Pedro viaja para Minas Gerais, fazendo um visita a cidade de Ouro Preto foi recebido de forma fria, com os sinos da cidade entoando uma marcha fúnebre. D. Pedro resolve voltar ao Rio de Janeiro e seus partidários resolveram fazer uma celebração, portugueses planejaram uma festa na cidade que passou a ser preparado. Antes de D. Pedro I chegar a cidade acontece um incidente, que ficou chamado de Noite das Garrafadas (12/03/1831). Alguns brasileiros durante a noite, passando por uma rua onde várias portugueses residiam, foram atacados a guarrafas, na manhã seguinte a população brasileira sabendo do acontecido se resolvam atacando os portugueses e destruindo os preparativos para o retorno de D. Pedro I.
A abdicação consolidou a independência brasileira e marcou a ascensão do partido brasileiro, que se dividiu entre moderados e exaltados, enquanto a população vivia as margens da política.
Mapa Conceitual - 1ª Reinado
01) A guerra de Independência
- Resistência lusa ao Império;
- O Reconhecimento da Independência:
- Estados Unidos da América:
- Reação a Santa Aliança;
- Dentro da política Monroe;
- Portugal:
- Por influência britânica;
- Indenização: 2 milhões de libras esterlinas;
- D. João VI: Imperador Honorário do Brasil;
- Inglaterra:
- Renovação dos Tratados de 1810 por mais 15 anos;
02) Política interna:
- A Assembleia Constituinte:
- Choque: constituintes e imperador (absolutista);
- Os Andradas na oposição: Plenário e Imprensa (O Tamoio e A Sentinela)
- Lutas entre brasileiros e portugueses: reações da Assembleia;
- Noite da Agonia (11/11/1823): sessão permanente/cerco da Assembleia – dissolução da Assembleia;
- Constituição da Mandioca:
- Características:
- Anteprojeto – Antonio Carlos: limitações dos poderes do imperador;
- Caráter classista (voto censitário)
- Influências do Iluminismo – Rousseau, Montesquieu;
- Xenofobismo;
- Constituição de 1824:
- A Carta Magna outorgada (15/03/1824):
- Autoritária, com tendências liberais;
- Elaboração de um conselho de Estado;
- Unitária e Centralista;
- Quarto poder: Poder Moderador;
- Eleições censitárias e indiretas;
- Igreja Subordinada ao Estado;
- Confederação do Equador
- Características: antilusitanismo, republicanismo e separatista;
- Absolutismo do imperador: nomeação de Paes Barreto para presidência da Província;
- Proclamação da República: Paes Andrade;
- Adesão do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba (Confederação do Equador);
- Adoção da Constituição da Colômbia;
03) Política Externa:
- Missão Santo Amaro:
- Solução da sucessão dinástica portuguesa;
- Consolidação interna dos países da América Latina (Santa Aliança);
- Guerra da Cisplatina:
- Lavalleja e Rivera: caudilhos;
- Intervenção da Inglaterra: Uruguai (1828)
04) Abdicação:
- Fatores
- Absolutismo do Imperador;
- Nativismo dos brasileiros: Antilusitanismo;
- Ameaça recolonizadora;
- Queda de Carlos X, na França;
- Politica desastrosa de D. Pedro I;
- Processo:
- Assassinato de Líbero Badaró (1830);
- Noite das Garrafadas (12/03/1831);
- Reaproximação com brasileiros (ministério dos liberais);
- Ministério dos Marqueses (04/04/1831);
- Abdicação: 07/04/1831;
- Jornada dos Logrados: 07/04/1831;
- Resolução:
- Consolidação da Independência;
- Ascensão do partido brasileiro, dividido em moderados e exaltados;
- Jornada dos Enganados pelo povo;
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