//INICIO SCRIPT PARA RETIRAR DATA DA URL DOS POSTS //FIM SCRIPT PARA RETIRAR DATA DA URL DOS POSTS História do Samba

Posts mais Vistos

6/recent/ticker-posts

História do Samba



O Samba e a Primeira República no Brasil: Resistência Cultural e Identidade Nacional

O período da Primeira República no Brasil, que se estende de 1889 a 1930, foi marcado por transformações sociais, políticas e culturais. Nesse contexto, o surgimento e a consolidação do samba como expressão cultural se destacam como fenômenos sócio cultural, refletindo não apenas a resistência das comunidades afro-brasileiras, mas também a busca por identidade em um país recém liberto da escravidão e em pleno processo de construção de sua identidade nacional.


Contexto Histórico:

O final do século XIX e o início do século XX foram períodos de intensa efervescência política e social no Brasil. Com o fim do regime monárquico e a proclamação da República em 1889, o país passou por uma série de mudanças institucionais e sociais. No entanto, a abolição da escravidão em 1888 não significou o fim das desigualdades raciais e sociais. Pelo contrário, a população negra e afrodescendente continuou enfrentando discriminação e marginalização em diversos aspectos da vida nacional.


Projeto de Branqueamento da República:

Durante a Primeira República, houve uma forte disseminação de teorias eugenistas e racistas, que pregavam a superioridade da chamada "raça branca" e promoviam políticas de "branqueamento" da população brasileira. Esse projeto de branqueamento tinha como objetivo não apenas alterar a composição étnica do país, privilegiando a imigração europeia, mas também apagar as manifestações culturais não brancas, consideradas inferiores pela elite dominante. Vale ressaltar que essas ideias eugenistas e racistas não surgiram no Brasil, foram resultado de uma "pseudo" ciência que surge na Europa no séc. XIX com Francis Galton e Spenser. Essas teorias foram bem aceitas no Brasil, no 1º Congresso Brasileiro de Eugenia, maior manifestação pública do movimento no país, realizado no Rio de Janeiro, em 1929, figuram: 

  • Belisário Penna (1868-1939)
  • Edgar Roquette-Pinto (1884-1954)
  • Monteiro Lobato (1882-1948)
  • Juliano Moreira (1872-1933)
  • Octávio Domingues (1897-1972)
  • Oliveira Viana (1883-1951) 


Perseguição e Resistência:

E como diz o historiador Luiz Antônio Simas, quando os escravizados foram trazidos para o Brasil eles sofreram uma diáspora física e outras ele chama de cultura diaspórica. Quando esses escravizados chegaram o Brasil, passaram a buscar forma de organização, organizações essas de forma coletiva, uma busca por uma reconstrução comunitária, uma tentativa de reconstrução dos laços culturais, porem aqui no Brasil essa tentativa de reconstrução vai resultar em um fusão de culturas, não será a cultura original africana, mas uma mistura, mistura dentro da realidade brasileira escravocrata, como foi o caso da capoeira, rodas de batucadas, terreiros de umbanda. A tentativa de embranquecer a população brasileira se deu em 2 aspectos. O Primeiro de embranquecer a população em relação a cor da pele e a Segunda de embranquecer a cultura brasileira, torna-la europeia. Surge assim um discurso civilizatório brasileiro

Além de vadiagem de 1890 que já está vigorando a partir de 91 é porque a lei de vadiagem aprovada pela República ela era usada para desqualificar todos os saberes as sociabilidades as construções enfim comunitárias simbólicas dos negros e negras brasileiros a como vadiagem.

Nesse contexto de marginalização e discriminação, o samba surge como uma forma de resistência e afirmação cultural das comunidades afro-brasileiras. Originário das raízes africanas, especialmente dos povos bakongo, o samba se desenvolveu nas periferias urbanas, tornando-se um elemento central na construção da identidade e da sociabilidade dessas comunidades.

No entanto, o samba enfrentou forte repressão por parte das autoridades da Primeira República. Manifestações culturais como o samba, a capoeira e as religiões de matriz africana foram criminalizadas e perseguidas sob o pretexto da lei de vadiagem, que era utilizada para desqualificar e reprimir as práticas culturais afro-brasileiras.


Construção da Identidade Nacional:

Apesar da perseguição, o samba resistiu e se tornou uma das principais expressões culturais do Brasil. Sua pluralidade reflete as diversas influências regionais e étnicas do país, incorporando elementos de diversas origens, como o samba de roda baiano, o samba urbano do Rio de Janeiro, o samba de coco do Nordeste e o samba de bumbo paulista. O Samba tornou-se uma das raras formas de ascensão social dos Negros.

Na Era Vargas o samba passa a ser domestica. Getúlio Vargas e os seus não combatemos samba, pelo contrario, apropriam-se dele, porem o governo busca impor as suas regras, as suas ideias, seu estilo e assim por diante. Passa a ser controlado e domesticado dentro dos interesses do Estado Getulista, que passa usar o Samba coma um elemento definidor da Cultura Brasileira. No final da republica velha vai deixando de ser perseguido para ser cooptado pelo governo de Vargas, uma grande mudança.

Um outro ponto que vale ressaltar é a década de 20 e 30. Neste momento a forma de consumir música vai sendo alterada, a Rádio Difusora e as gravações em discos passam a ter uma importância. Uma questão social surge ai, quem consome a música da Rádio Difusora e os discos é a classe média, uma classe média branca é importante destacar isso pois essa classe social passa a influenciar como o samba irá ser produzido. o Historiador Luiz Antonio Simas diz que houve uma desafricanização do samba, pois  o samba teve que se adequar a estética do branco de classe média para ser consumido, tanto na letra como nos instrumentos. O samba era marcado principalmente pelos tambores que passaram, progressivamente a serem diminuídos, foram sendo colocados novos instrumentos como violão e flauta chegando na década de 50 ao "novo Samba" a bossa nova, que de certa forma foi a transformação do samba em uma estética branca de classe média.

Mesmo assim o historiados Luiz Antonio Simas alega que o samba continuou e continua em um espaço de intensa negociação. O samba vai ser alterado por Vargas, pela classe média, pela indústria fonográfica, por outros governos, mas mesmo assim ele nunca vai perder esse caráter de negociação com o que pode é o que não pode. Podemos dizer que é uma via de mão dupla, ao Samba é imposto uma nova realidade, um novo rítmico, uma nova estética, novos instrumentos e o Samba por sua vez vai ou não aceitando, de adaptando, mas sempre se transformando e buscando sobreviver. 

Ao longo do tempo, o samba se consolidou como uma das principais manifestações da identidade nacional brasileira, representando a resistência e a resiliência das comunidades afro-brasileiras diante das adversidades históricas. Sua história é marcada por exemplos de luta e superação, como o caso de João da Baiana, músico pioneiro do samba que enfrentou a perseguição das autoridades, mas resistiu e continuou a difundir sua arte.


Legado e Relevância Atual:

Atualmente, o samba continua a ocupar um lugar de destaque na cultura brasileira, sendo celebrado e valorizado em todo o país. Suas letras e ritmos retratam não apenas a realidade social e política do Brasil, mas também expressam a alegria, a criatividade e a resistência do povo brasileiro. Além disso, o samba contribui para a preservação e valorização da memória e da identidade das comunidades afro-brasileiras, reafirmando seu papel fundamental na construção da história e da cultura do país.

Em suma, o samba e sua relação com a Primeira República no Brasil representam um importante capítulo na história da luta por igualdade e reconhecimento das comunidades afro-brasileiras, evidenciando a força e a importância da cultura como instrumento de resistência e afirmação identitária.

Vamos Historiando Indica:

Postar um comentário

0 Comentários